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Sou mais as loiras

Sempre fiz parte daqueles que deixam a WTA em segundo plano, isso é muito claro nos assuntos dos meus posts. Os jogos me entediam, os campeonatos idem, a qualidade das tenistas também. Mas nem sempre foi assim. Antes de Clijsters e Henin se aposentarem, eu era a presidente do fã-clube Bélgica. Principalmente contra as Williams.

Não, eu não acho que as Williams transformaram o tênis feminino em pura pancadaria. Sim, elas trouxeram um nível de força ao jogo nunca antes visto, mas as duas são extremamente técnicas. Qualquer uma gostaria de ter o saque delas, por exemplo. (inclusive alguns homens…)

O que me irrita um pouco nas Williams é o comportamento meio arrogante delas. Aham, eu não sei separar o pessoal do profissional, okay. Mas, para mim, isso é importante para ter minha torcida. O fascinante de seguir um atleta não é só admirar sua performance, mas se identificar com as emoções que ele sente em quadra. E eu nunca senti isso pelas Williams, tampouco por Maria Sharapova e Ana Ivanovic, duas das queridinhas dos últimos anos.

Sharapova e Ivanovic são belas tenistas (nos dois sentidos), mas claramente se deslumbraram com a popularidade e, quando acordaram, o trem já tinha passado. Voltar ao número 1 é quase impossível, ganhar outro Grand Slam então, nem se fala.

Escrevi tudo isso para chegar nas três personagens da WTA nessa semana. Kim Clijsters e Caroline Wozniacki, as melhores do ano, e Elena Dementieva, que anunciou sua aposentadoria aos 29 anos, ainda no top 10.


O jogo da Dementieva era feio, apesar de eficiente para uma péssima sacadora. Seu potente forehand era muito bonito de se ver, mas as suas constantes decepções em quadra e sua expressão desesperada para a mãe me fizeram torcer cada vez mais por ela. Vai entender. Talvez porque eu sou corintiana e gosto de sofrer.

Dementieva é uma campeã olímpica. Isso ninguém pode apagar e, na minha opinião, algo tão valioso quanto um Grand Slam. Apesar de ser considerada uma musa, sempre se manteve discreta e com classe. Nunca usou isso para aparecer mais do que as outras. A elegância de só contar que deixaria as quadras após o último jogo, evitando meses de homenagens e chororô, mostra o quanto Lena, no fim das contas, tem a cabeça no lugar muito mais do que parecia em quadra.

Porém, quando se trata de alguém que você só conhece pelas telas, é sempre bom ter um pé atrás. Até que Dementieva publica em seu site a carta da Bárbara, jornalista carioca do blog Fierce Tennis. Um gesto de campeã olímpica.

Vejo esse mesmo espírito em Kim Clijsters (que felizmente voltou) e Caroline Wozniacki. Com mais talento. No caso da belga, muito mais talento. Duas grandes competidoras, que não fazem pouco da WTA.

Eu não sou contra as tenistas se retirarem de alguns torneios, preservando seu físico. A própria Clijsters fez isso neste ano. Mas não entra na minha cabeça como a Serena sofre uma lesão que a deixa fora por seis meses e fica a cada torneio anunciando que vai jogar, para sair na última hora. Enfim, pode ser uma reação mais emocional do que racional, mas eu gostei do Masters sem elas, de ver Kim e Carol na decisão. Na WTA, eu sou mais as loiras.

 

 

Carol, Carol, Carol…

Primeiramente, peço desculpas pela longa ausência. Após o US Open, fiz o Federer e dei um perdido. Não deixamos de acompanhar muita coisa. Estamos na temporada asiática, com jogos de madrugada e diversos anúncios de jogadores falando que só voltam em 2011. A única coisa relevante que aconteceu é o tema do post de hoje…


Caroline Wozniacki é a 20ª mulher a ser número 1 do mundo. A glória do tênis? Quando se fala de WTA, tudo é mais complexo do que parece. A líder do ranking sempre é mais alvo de críticas do que de elogios. Até a presidência da entidade tem que defender o momento atual das mulheres no esporte, diante de tantos fãs órfãos de Steffi Graf e Martina Hingis, para ficar em nomes mais recentes.

A questão é que Hingis não se tornou tudo o que poderia e surgiram as irmãs Williams. Definitivamente, Serena e Venus levaram o jogo feminino a um patamar nunca antes atingido, combinando boa técnica com uma força física inatingível. Todas as meninas que já estavam no final de sua formação e entrando no profissional tiveram que reformular sua forma de jogar, pois era preciso bater tão forte como elas, sacar mais rápido e ter um comportamento em quadra agressivo.

Muitos anos depois, elas continuam vencendo porque, simplesmente, as outras não conseguem acompanhar seu ritmo. Até quando Wozniacki segurará sua posição? Por mais que eu simpatize e torça pela dinamarquesa, se eu tivesse que apostar, diria que Serena voltará ao topo simplesmente quando quiser.

Wozniacki não é (ainda) uma jogadora que vamos enaltecer no futuro como uma das grandes de sua geração. No entanto, dá orgulho ver uma Serena Williams como líder, disputando poucos torneios e negligenciando totalmente a turnê (independentemente de sua lesão, é uma postura que ela tem há muito tempo)? Não é triste ver essa displicência das Williams triunfar?

Vários nomes tentaram quebrar a dinastia Williams e algumas conseguiram a liderança do ranking. Maria Sharapova e Ana Ivanovic têm seus Grand Slams, mas pecaram pelo deslumbramento com a fama. Quando perceberam que suas carreiras estavam em risco, já era tarde demais. Hoje, parecem maratonistas tentando alcançar o primeiro pelotão. As belgas Henin e Clijsters tiveram enorme êxito, mas cansaram de tudo muito cedo. Hoje, têm outras prioridades.

Nomes como Elena Dementieva, Jelena Jankovic, Dinara Safina e Vera Zvonareva, sempre estão por ali, mas são jogadoras “quase”, faltam muitos recursos (e cabeça) no seu tênis. Wozniacki tem cabeça, mas, em termos de resultados, está ainda neste parágrafo. No entanto, tem a chance de chegar ao patamar de Sharapova e Ivanovic.

Um fator ajuda muito Wozniacki. A dinamarquesa tem total dedicação ao tênis. Sua vitória sobre Ivanovic em Pequim, após ter machucado o joelho, é um exemplo de que ela tem muito mais força do que demonstra seu rostinho de caloura da universidade. Se Wozniacki conseguir fazer da posição de número 1 um orgulho novamente, e não um fardo nas costas, estará fazendo um grande favor ao desacreditado tênis feminino.

Semana que vem: Masters 1000 de Xangai. Assim como eu, Roger Federer volta à ativa.